Direito de consertar: australianos na briga entre agricultores e fabricantes

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O movimento right to repair (direito de consertar) ganhou o auxílio de uma entidade australiana de proteção do consumidor, na briga pelo acesso ao software dos tratores

A briga entre agricultores e grandes fabricantes de tratores pelo direito de consertar o próprio maquinário já foi tema de texto no Blog do Farmfor aqui e aqui (leiam clicando nos links). Agora, a celeuma ganhou mais um capítulo.

A Australian competition and consumer watchdog, ou ACCC, uma espécie de Procon misturado com Cade lá da Austrália (exagerando) quer saber mais sobre o relacionamento entre os agricultores que compram tratores e os fabricantes, se estes possuem acesso a ferramentas de software (programas de computador) e peças para reparar os próprios tratores.

Na realidade os agricultores – alguns vivendo em áreas bem isoladas do país – ficam dias sem acesso aos próprios tratores no caso de defeito, esperando a assistência técnica do fabricante aparecer no local e consertar o equipamento. Se fizerem algo por conta, correm o risco de perder a garantia.

A ACCC começou ouvindo os fabricantes. Segundo reportagem da ABC australiana, cinco representantes de grandes marcas agrícolas já foram ouvidos, agora é a vez dos agricultores.

A investigação da ACCC não tem caráter judicial, é apenas uma pesquisa com os dois lados do conflito.

Direito de Consertar – leia também

Em fevereiro, a ACCC publicou um documento sobre o pós-venda de máquinas agrícolas na Austrália. Leia (em inglês) neste link.

Nossa opinião

Se por um lado tratores já não são mais as máquinas humildes do passado, quando os próprios agricultores muitas vezes dominavam 100% da manutenção, hoje são máquinas complexas que envolvem também partes eletrônicas e computadores, mas também fazem o serviço com mais qualidade (ou deveriam).

As empresas de máquinas agrícolas investiram muito dinheiro ao longo dos anos em desenvolvimento, é aceitável que protejam certas partes, desde que isso fique bem claro no momento da compra, sem dúvidas entre as partes. É desejável também que os fabricantes de todos os portes tenham liberdade para criar, vender e dar manutenção em sistemas mais abertos (pode surgir aí uma nova oportunidade).

Por fim, se ainda não chegou ao agro, é questão de tempo: tecnologias abertas um dia farão parte da rotina dos agricultores, da lida com as máquinas até a forma como usam GPS. As grandes marcas vão em um primeiro momento sentir o impacto desta concorrência. Depois, aderir. Aguardem.

Foto da capa: John Deere under Australian skies: Bahnfrend (CC BY-SA 4.0)

Informações extras

RIGHT TO REPAIR: TRACTOR MANUFACTURERS MIGHT HAVE MET THEIR MATCH IN AUSTRALIA.

JOHN DEERE AND NEBRASKA’S RIGHT TO REPAIR, THE AFTERMATH OF A FAILED PIECE OF LEGISLATION.

As farmers fight for the right to repair their tractors, an antitrust movement gains steam.

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