O ex-ministro da Agricultura realizou a palestra magna no III Fórum Estadual do Agronegócio na noite de sexta (15)
Mesmo com a temperatura baixa, característica do sul do país nesta época do ano, o auditório do Gran Palazzo registrou um alto número de pessoas para assistir a palestra magna da noite de sexta-feira (15), do III Fórum Estadual do Agronegócio. Quem palestrou foi o ex-ministro da Agricultura e Abastecimento, Roberto Rodrigues. Considerado pelo setor do agronegócio uma das maiores lideranças, Rodrigues chefiou a pasta de 2003 até 2006 e incluiu em seu currículo importantes avanços para a agricultura, como por exemplo, a lei de biossegurança e biotecnologia, no ano de 2005.
Em solo gaúcho, Rodrigues afirmou que o agronegócio é e continua sendo o setor fundamental para segurar a economia nacional em tempos de crise. “O agronegócio brasileiro representa um quarto do PIB nacional, gera um terço dos empregos do país, é responsável pelo saldo comercial do país, se não fosse o agro, estaríamos no déficit há muitos anos, isso permite salvar as nossas reservas em moedas estrangeiras”. E complementou: “Com uma característica curiosa: nestes últimos três anos de desemprego muito grande no país, o único setor que desempregou pouco foi o agro, e além disso, dada a circunstância de que os modelos de gestão evoluíram muito, a mecanização, hoje a massa salarial que o campo paga, é maior que a do passado, ainda que tenha diminuído o número de empregados”.
Greve dos caminhoneiros e tabelamento
Uma das reinvindicações dos caminhoneiros após a paralisação de quase duas semanas, foi o tabelamento dos preços dos fretes pelo Governo Federal. Rodrigues salientou que o tabelamento de preços não é uma saída adequada para a resolução do problema. “Todas as vezes em que se fez tabelamento deu errado, não podia ser diferente agora. No entanto, há uma realidade que é preciso resolver no país: os custos ficam elevados para os produtores e os resultados financeiros não são suficientes para os transportadores, de modo que a solução passa forçosamente pela reforma tributária”. Para ele, o caminho para o Brasil sair da crise passa pela aceitação das reformas, desde a tributária até a política. “A área ambiental tem que ser reformulada de uma forma mais consistente e com a modernidade brasileira, então o que é essencial é cuidar das reformas e a tributária tem o condão de mexer na questão do frete em definitivo”.
Política, agronegócio e segurança alimentar
Com relação ao cenário eleitoral de 2018, o ex-ministro ressaltou que esta eleição presidencial pode ser considerada a mais importante dos últimos 20 ou 30 anos, visto os problemas econômicos e financeiros que o país passa. “Nós vamos para uma eleição que tem duas possibilidades: ou vamos eleger um governo reformista ou podermos eleger um governo populista. Um governo reformista é o que precisamos para tocar em frente todas as questões que foram colocadas, reforma tributária, previdenciária, política, em busca da modernização e da segurança jurídica para o país. Um governo populista pode ‘descambar’ para um universo cujas consequências podem ser graves num nível de Venezuela, por exemplo, então é preciso muita preocupação, muito juízo na hora de votar”. Em específico para o agronegócio, ele comentou que está trabalhando em um projeto que pretende tornar o Brasil campeão mundial da segurança alimentar. “Estamos montando um plano de Estado, não é de governo, se fosse um plano de governo para o agro, teria que ter o plano do comércio, da indústria, da aviação… Teríamos 50 planos e o governo que se elegeria não tem condições de atender todos e não atenderia a nenhum. Foi montado um projeto que não tem o objetivo de proteger ou criar vantagens para o agro, tem um objetivo mais amplo, que é de transformar o Brasil no campeão da segurança alimentar. Por que? Porque você pode ficar sem qualquer coisa, menos sem alimento”. Rodrigues destacou que este é um plano que agrega os meios rurais e urbanos em busca de união. “Eu sou produtor rural e passei boa parte da minha vida criticando a sociedade urbana por não respeitar o agro, por não olhar com carinho, não valorizar o agro e critiquei muito por uns 40 anos. Se eu criticar ‘você’, ao invés de ‘você’ gostar de mim, cada vez mais ‘você’ terá raiva de mim, então quanto mais a gente critica o setor urbano, menos eles se aproximam ‘da gente’. E hoje eu vejo com clareza, eu sou um bom produtor rural e agrônomo, mas não faço nada sem adubo, sem fertilizantes, sem defensivos, sem máquinas agrícolas, tudo é fabricado em empresas urbanas”. De acordo com Rodrigues, o projeto passou pela avaliação de centenas de entidades de classe e o lançamento está marcado para o dia 30 de junho. A expectativa é de que os integrantes do projeto possam conversar com os coordenadores de campanha dos candidatos à presidência da república, para explicar o plano e conseguir o compromisso dos mesmos. “O que o agro pode esperar ou deve esperar: que qualquer que seja o candidato eleito, ele tenha a clareza da importância do setor e assuma um plano que não tem nenhum pedido, demanda, ao contrário, o agro brasileiro está fazendo uma oferta ao mundo e ao governo brasileiro para que seja o campeão mundial da paz”.
O que é o agronegócio?
“Agro é paz! E principalmente é nosso, agro é brasileiro!”, finalizou.