Agricultores argentinos colocam tratores nas ruas e destroem lavouras de soja em protesto contra o aumento de impostos do novo governo socialista
O novo governo do socialista Alberto Fernandez começou com o pé esquerdo (sem trocadilho) com os agricultores argentinos. As medidas econômicas aprovadas pelo Senado acabaram levando os produtores com seus tratores para as ruas nesta sexta, dias depois de imagens com lavouras de soja destruídas tomaram conta da internet.
Entre as novas políticas econômicas do país estão a taxação de 30% para a compra de dólares americanos e aumento de impostos para exportações agroindustriais.
Os impostos para exportação de soja e derivados poderá ficar em 33%. Milho, trigo, sorgo, girassol e cevada em 15%. Carnes, produtos lácteos hortaliças, madeira e manufaturados de algodão, 9%.
Grupos organizados por partidos políticos invadem propriedades de fazendeiros brancos, colocam fogo em pastagens e criam lotes para seus militantes.
Imagine sair para ir à missa e na volta encontrar a sua propriedade invadida e sua produção queimada? Esta é a realidade de alguns fazendeiros brancos da África do Sul, vítimas da política chamada expropriation without compensation. Em bom português, expropriação sem compensação, promovida pelo governo. É o roubo de terras de forma oficial.
Nós já contamos um pouco desta história no texto Extrema-esquerda Ameaça Agricultores na África do Sul, aqui no Blog do Farmfor em março deste ano. A violência aumentou muito desde então, com mais conflitos entre autoridades e colonos. Não deixe de ler o texto para entender melhor esta questão.
O site Low Velder, da África do Sul, deu destaque para o ataque ocorrido na fazenda Montabello, na região de Mbombella (KaBokweni Road), do fazendeiro branco Hennie Mentz. A família encontrou ao voltar da missa a propriedade invadida, parcialmente queimada e já loteada por grupos organizados por partidos políticos de esquerda, tudo isso em horas. Os militantes prometem distribuir a terra aos colegas, construir casas e até um cemitério na invasão.
A polícia tem uma ação limitada, faz algumas prisões mas tem pouco poder de alcance. Enquanto isso, o presidente Cyril Ramaphosa segue emitindo discursos ambíguos e encorajadores dos grupos invasores.
Multinacional anuncia saída do país e ditador diz que agora a fábrica é “dos trabalhadores”.
Sem matéria-prima em um país com altos índices de inflação e caos social, a Kellogg joga a toalha com sua operação na Venezuela. Após a saída, o ditador Nícolas Maduro tratou logo de expropriar a fábrica e detonar discursos contra a empresa, chamando a saída de ilegal.
Em um discurso inflamado típico, disse que agora a fábrica é “dos trabalhadores” e que a Kellogg’s é imperialista e oligarca, em meio a uma campanha eleitoral para disputar a permanência no cargo, para o desespero de uma população arrasada pelo socialismo.
Saiba mais
A produção de milho na Venezuela só cai desde 2007, segundo o site Index Mundi.
Perseguição, violência no campo e ameaça de confisco das terras vinda do próprio presidente. Este é o cenário no país.
Uma frase não sai da cabeça dos agricultores da África do Sul: expropriation without compensation (expropriação sem compensação), que significa a retirada das terras dos agricultores (especialmente dos brancos) sem qualquer pagamento.
A ameaça de confisco das propriedades sempre fez parte do discurso da militância esquerdista e da bravata presidencial, seja do excêntrico Jacob Zuma – que assumiu em 2009 e recentemente renunciou – ou do atual (e companheiro de partido do anterior), Cyril Ramaphosa.
Agora, a coisa “ficou séria”: uma proposta de emenda da constituição sul-africana permitindo que o governo retire as terras (de porteira fechada) dos fazendeiros e devolva as mesmas para os negros, passou no congresso do país com 241 votos a favor e 83 contra. Uma espécie de comissão de avaliação tem até 30 de agosto para revisar o texto.
A proposta de alteração da constituição veio de Julius Malema, líder da EFF (Economic Freedom Fighters). Não se engane com o nome: os caras são assumidamente marxistas-leninistas, anti-capitalistas e pegam pesado no discurso. Já disseram até mesmo que “não vão matar brancos no processo de confisco das terras, não ainda” e inflam uma militância em um país que já sofre com altos índices de corrupção, desemprego e violência.
“Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar, motivado por puro ódio” é a mensagem de amor em destaque em evento do EFF. Os ensinamentos de Che Guevara fazem sucesso entre o grupo.
A situação que já era ruim, agora piorou
A violência (especialmente no campo) aumentou muito nos últimos anos, com grupos de militantes invadindo propriedades rurais e matando fazendeiros brancos, pelo simples fato de serem brancos. Não há estatística confiável sobre ataques e assassinatos de fazendeiros no país, mas o Transvaal (uma espécie de sindicato rural) estima que em 2016 foram 345 ataques que resultaram em 70 mortes no campo.
O uso demagogo de um passado triste
Quando o Apartheid acabou na África do Sul, um processo de restituição de terras para os negros foi iniciado. Quase 80 mil pedidos foram aceitos entre os anos de 1994 e 1998, sendo que apenas 76 mil processos foram efetivados. Destes, 5800 cidadãos sul-africanos aceitaram receber um pedaço de terra. A ampla maioria preferiu receber dinheiro e tentar a vida na cidade, em uma “virada cultural” com pessoas já sem ligação com o meio rural, preferindo viver de salários.
Em pesquisas realizadas nos anos de 2016 e 2017 pelo Instituto de Relações Raciais da África do Sul (IRR), 84% dos negros declararam querer um governo que invista em desenvolvimento e geração de empregos, contra 7% que afirmam preferir governantes que promovam a redistribuição de terras como compensação pelos sofrimentos da época do Apartheid. O cenário parece descrever um governo populista que deseja forçar emoções que não existem na população, para embasar medidas que podem afundar (ainda mais) a economia e a situação social do país. E, mais do que nunca, as comparações com a desgraça ocorrida recentemente no Zimbábue, com a expulsão dos fazendeiros brancos do país, são frequentes.
Para saber mais
O site 24.com é rico em informações sobre a situação política da África do Sul.
Farmlands: o documentário da youtuber canadense Lauren Southern mostra a situação da África do Sul, como vivem os fazendeiros brancos e o que pensam alguns dos políticos e ativistas do país. O canal da Lauren possui diversos vídeos sobre o problema. Imperdível (mas em inglês).
O site da EFF, que mostra como é o pensamento do grupo revolucionário.
Can a New President Really Solve South Africa’s Corruption Problem? The Atlantic.
Proprietários de terras e funcionários das fazendas são expulsos de suas casas em uma violenta reforma agrária.
O Zimbábue é um país localizado no sul da África e é comandado desde 1980 pelo ditador Robert Gabriel Mugabe. São quase 40 anos de um governo que transformou o país em um dos mais miseráveis do mundo. Seu plano de reforma agrária tira terras de agricultores e entrega para membros do próprio partido, sem qualquer conhecimento agrícola. Resultado: fome e produção mínima.
A última “eleição” ocorreu em 2013, com vitória esmagadora do ditador Mugabe. Na anterior, em 2008, seu concorrente Morgan Tsvangirai desistiu após ter apoiadores assassinados. O Brasil foi um parceirão do regime ditatorial do Zimbábue, com empréstimos de quase 100 milhões de dólares através do BNDES.
Um exemplo recente, a propriedade de Robert Smart
No mês de junho, a fazenda do “colono branco” Robert Smart foi expropriada pelo governo. O próprio Mugabe aqueceu a militância com um discurso incentivando a invasão de propriedades pela “juventude que ainda não tem terra”, dias antes da ação de desapropriação.
As forças do governo entraram na propriedade, produtora de milho e tabaco, expulsando moradores e funcionários. 150 pessoas – nativas da região – tiveram a maioria dos seus bens pilhados e distribuídos entre os soldados, obrigadas a fugir para as matas da região e deixando para trás até mesmo medicamentos de uso contínuo. Entre as vítimas, infectados com o vírus HIV que ficarão sem tratamento.