Campanha da Fraternidade 2018: produtor rural é agente da violência

Campanha da Fraternidade

Presidente de sindicato rural faz alerta sobre textos preparatórios da Campanha da Fraternidade 2018 que demonizam o agro brasileiro.

 

A página do Sindicato Rural de São Gabriel (RS) no Facebook publicou texto de seu presidente, Tarso Francisco Pires Teixeira, fazendo grave denúncia sobre a CNBB e a Campanha da Fraternidade do ano de 2018. Com o lema “Vóis sois todos irmãos”, faz um apanhado sobre as causas da violência no Brasil e coloca os produtores rurais como agentes da violência no campo. Abaixo, o texto na íntegra:

EM CRISTO SOMOS TODOS IRMÃOS”…MENOS SE VOCÊ FOR PRODUTOR RURAL!

Existem duas coisas com as quais sempre se pode contar a cada ano: em dezembro, tem show do Roberto Carlos na Globo. E em fevereiro, tem mais uma Campanha da Fraternidade com temática esquerdista, panfletária e avessa à realidade dos fatos sendo promovida pela Igreja Católica no Brasil. A partir desta quaresma, a liturgia das missas em todas as paróquias do país tratará do tema “Fraternidade e Superação da Violência”, com o lema “Em Cristo Somos Todos Irmãos”. Trata-se, sem dúvida, de uma Verdade da Fé, mas basta uma simples leitura do texto-base enviado a todas as paróquias (e disponível no site da CNBB) para perceber que o conceito de fraternidade dos nossos bispos brasileiros é muito mais seletivo que parece.

O tema da violência é um dado explosivo da realidade brasileira, e seguramente deverá pautar a campanha eleitoral deste ano. Os cidadãos estão acuados dentro das casas, e como bem comprova o exemplo de estados como o Rio de Janeiro e Espírito Santo, cidades inteiras vivem o clima do medo sob o controle do tráfico de drogas. No campo, o abigeato, o roubo de insumos agrícolas e a constante ameaça de invasões do MST aterrorizam as fazendas. Mas, longe de defender uma justiça mais rigorosa e uma legislação mais eficaz, nossos príncipes da Igreja vão na contramão dos anseios do povo brasileiro, defendendo a manutenção da maioridade penal, e insinuando que a culpa da criminalidade é dos que “possuem mais do que precisam”, além de abraçar todas as teses daquilo que, no campo jurídico, vem sendo chamado de “Bandidolatria”: ênfase dos direitos humanos para os infratores, em vez das vítimas.

Mas a cereja do bolo, a indecência suprema, é quando o texto acusa claramente os produtores rurais, chamados de “elite rural brasileira”, de ser agentes da violência, “naturalizando a violência na proteção da propriedade privada e disseminando a ‘ideologia ruralista” (Trecho do texto base da CF 2018, “Criminalização dos Movimentos Sociais e a Luta por Justiça). Ou seja, para a alta cúpula da Igreja Católica, violentos não são os militantes do MST quando invadem propriedades, carneiam animais, depredam as casas e fazem cativos os empregados das fazendas. Violentos são os produtores, na “proteção” de sua propriedade, ao fazer o que todo cidadão honesto faz quando agredido: recorrer à Justiça para reaver sua posse.

O produtor rural, ao contrário, é um cooperador na luta contra a violência social. É o alimento gerado pelo agronegócio que fez o Brasil se tornar um dos campeões mundiais na luta contra a fome, produzindo uma tonelada de alimentos por habitante, quando o padrão de segurança alimentar da FAO é de 250 kg de grãos por pessoa. Somos a nação do planeta que tem condições de resolver o drama da fome no mundo,um dos maiores geradores de conflitos sociais e guerras. Mas o vilão, o predador, segue sendo o produtor rural. Semana passada, uma carga de gado vivo ficou dias sob alto estresse no Porto de Santos por conta de uma liminar que quase impediu que a carne brasileira pudesse chegar à Turquia, matando a fome de refugiados do Estado Islâmico.

Como produtor rural, mas sobretudo, como católico, filho de uma família que é católica desde sua origem lusitana, sinto tristeza em saber que, para alguns líderes da igreja a que pertenço, não sou mais que um pária social. Esta violência espiritual, praticada contra católicos que empreendem, é uma das explicações pelas quais o Datafolha detectou que o rebanho católico no país, que em 1994 era de 75%, hoje é de apenas metade da população. Nada tem a culpar a CNBB a outras igrejas, quando ela própria expulsa o povo com uma pregação regressista e sepultada pela História.

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul

A Campanha da Fraternidade 2018 será lançada no dia 14 de fevereiro, com evento transmitido ao vivo pelas redes sociais e TVs.

Posts relacionados